Ex-colaboradores InJQ
O perigo por trás dos “calmantes”

Um estudo publicado no jornal científico British Medical Journal em 2014, levantou questões polêmicas a cerca do uso crônico das medicamentos benzodiazepínicos, utilizados no tratamento da ansiedade e insônia (conhecidas como Clonazepam, Alprazolam, Diazepam, Bromazepam, Lorazepam). Neste estudo a médica Sophie Billioti de Gage informou existir uma correlação entre o uso de tais medicamentos e o risco aumentado para doença de Alzheimer.
Na amostra estudada (cerca de 1700 casos), a pesquisa demonstrou que quem fez uso da droga por um período superior a três meses, mas inferior a 180 dias, teve risco aumentado de desenvolver Alzheimer em 32%. Quando o período de uso de um benzodiazepínico passava de seis meses, o risco chegou a 82%.
No ano seguinte, a mesma pesquisadora realizou uma revisão bibliográfica analisando estudos observacionais publicados, tendo avaliado a relação entre o uso de benzodiazepínicos e a demência. Dos dez estudos recuperados, nove relataram um risco aumentado de demência em usuários de benzodiazepinas. O risco aumentou com a dose cumulativa, a duração do tratamento e quando as moléculas de ação prolongada foram usadas.
O que o estudo fez, no entanto, é alertar a todos sobre o uso crônico e prolongado dos benzodiazepínicos. Esses medicamentos só devem ser utilizados conforme as diretrizes internacionais. Tais diretrizes recomendam o uso a curto prazo, principalmente por causa de sintomas de abstinência que tornam a descontinuação problemática. Embora a eficácia a longo prazo dos benzodiazepínicos permaneça sem valor para a insônia e questionável para a ansiedade, seu uso é predominantemente crônico, ao contrário do limite de uso por um mês para o combate à insônia e de três meses para o tratamento da ansiedade conforme as recomendações oficiais.
Os benzodiazepínicos são amplamente utilizados, responsáveis por cerca de 50% de toda a prescrição de psicotrópicos. Estima-se que 50 milhões de pessoas façam uso diário dessas substâncias. A maior prevalência encontra-se entre as mulheres acima de 50 anos, com problemas médicos e psiquiátricos crônicos. Um em cada 10 adultos recebe prescrições dessa classe de medicamentos a cada ano, a maioria feita por clínicos gerais. Apesar de eficientes nos quadros de ansiedade aguda, o uso diário não deve ser recomendado nos transtornos de ansiedade crônica. Nestas situações, embora possam ser prescritos para controle inicial de sintomas ou em momentos de piora do quadro, o ideal é a prescrição de um antidepressivo, medicação que possui ação ansiolítica sem gerar dependência física ou problemas cognitivos de longo prazo.