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Mau humor é doença?


O termo distimia, empregado na prática médica desde meados dos anos 80, é originário da Grécia antiga e significa "mau humor". Durante muito tempo definiu um transtorno de personalidade, tendo sido utilizado para delimitar um padrão persistente de características de comportamento em uma gama de pessoas com humor irritadiço, temperamento complicado e queixoso. Originalmente abrangente e inespecífico, o conceito vem sofrendo modificações e hoje está incluso nos transtornos de humor, no espectro das depressões crônicas. É uma forma de depressão continuada, com sintomas menos debilitantes em sua intensidade que o transtorno depressivo maior (forma mais conhecida da depressão), mas com duração de pelo menos dois anos. Acomete de 3 a 6% da população e é mais prevalente no sexo feminino. Quando presente, seus sintomas se fazem perceptíveis logo na infância ou adolescência, sendo raro o início após os 25 anos de idade. Outro pico de incidência, porém, ocorre com a senilidade.

O aspecto mais característico da distimia, também conhecida como Transtorno Depressivo Persistente, é o humor deprimido, que dura pela maior parte do dia e está presente quase que de maneira contínua. Podem estar associados sentimentos de desesperança, dificuldades de concentração ou tomada de decisões, fadiga, irritabilidade, baixa autoestima, alterações de sono ou apetite e diminuição da produtividade. O portador deste transtorno pode investir sua energia em algumas áreas específicas da vida, como o trabalho, pouco se direcionando para o lazer e atividades familiares, o que acaba por gerar conflitos interpessoais. É frequentemente visto como negativista e de difícil convivência, pois tende a ver o lado ruim das coisas.

A doença pode interferir na qualidade de vida dos pacientes e das pessoas mais próximas a eles com prejuízo considerável (equivalente ou até mesmo maior que nos outros tipos de transtornos depressivos), devido à sua cronicidade e ausência de reconhecimento. Estima-se que 50% dos pacientes não procurem atendimento ou não sejam diagnosticados, por considerarem sua afetividade negativa como um traço de sua personalidade. A presença da distimia está associada também a uma maior ocorrência de transtornos ansiosos, uso de substâncias químicas e do próprio transtorno depressivo maior.

Como possíveis causas, são considerados fatores genéticos, traumas no período infantil, alterações da anatomia cerebral e dos padrões de sono. O tratamento é baseado principalmente no uso de medicamentos antidepressivos, psicoterapia ou em uma combinação entre ambos, e a eficácia diretamente relacionada à adesão.

Por fim, cabe lembrar: Nem todo mau humor constitui o transtorno chamado distimia, e nem todo portador de distimia apresenta o "mau humor" em sua definição usual.

Dra. Thaise Bonetti

Médica - CRM/SC 15628

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