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  • Foto do escritorRedação InJQ

Os efeitos de 13 Reasons Why entre os jovens


A divulgação da série 13 Reasons Why pela Netflix gerou muito debate a respeito do suicídio entre jovens. O seriado, que mostra as relações na adolescência e evidenciou temas polêmicos como bullying, violência sexual e suicídio, foi questionado pelos profissionais de saúde mental pela maneira que abordou esses assuntos. É inegável que eles devem ser falados, mas sempre com enfoque na orientação para as formas de prevenção e de reconhecimento dos comportamentos de risco.

Uma das preocupações relativas à série foi a possibilidade dos jovens, especialmente os em condições de vulnerabilidade emocional, serem induzidos a imitar os atos mostrados na ficção ao não perceberem alternativas saudáveis para resolver seus conflitos. Esse fenômeno, chamado de "efeito Werther", remete ao século 18 quando notou-se um aumento do número de suicídios após a publicação da obra de Goethe "Os sofrimentos do jovem Werther", que narra o suicídio do jovem personagem. Alguns estudos também apontam essa tendência após a serem noticiados de maneira inadequada a morte de celebridades.

Para compreender melhor se a série realmente poderia levar a um aumento do comportamento suicida, pesquisadores do Hospital de Clínicas de Porto Alegre fizeram um levantamento com adolescentes do Brasil e Estados Unidos para avaliar melhor o impacto da série. Um total de 21.062 adolescentes, entre 12 e 19 anos, responderam a um questionário online sobre pensamentos de morte antes e após assistir a todos os episódios e sobre como passaram a compreender o bullying após a série.

Dentre os adolescentes mais vulneráveis, com sintomas depressivos ou idéias de morte, 21,6% responderam que tiveram um aumento da ideação suicida após ver o seriado e, 49,5% disseram que diminuíram esses pensamentos. No entanto, um dado preocupante chamou a atenção dos pesquisadores: entre os jovens que não apresentavam quadro depressivo ou pensamentos de morte, 4,7% responderam que passaram a pensar em tirar a vida após assistir a série. Outro ponto importante foi que 41,3% dos entrevistados afirmaram já ter praticado bullying. Mas, após verem os episódios 90,1% deles relataram ter diminuido essa conduta.

O estudo demonstra que realmente parece haver uma associação entre a exposição desses temas e comportamentos de risco, trazendo impactos significativos entre os jovens. Assim, é importante considerarmos a forma pela qual abordamos o tema na sociedade, que deve sempre estimular a orientação dos fatores de risco e proteção, prevenção e reconhecimento dos conflitos emocionais dos jovens.

Morgana Sonza Abitante

Psiquiatra da Infância e Adolescência

RQE 15066

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