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Gravidez e psicofármacos: gestante pode usar medicação psiquiátrica?
Antidepressivos, ansiolíticos e outros psicofármacos usados em tratamentos psiquiátricos podem sim interferir na saúde da gestação, tanto da grávida quanto do bebê. Conheça os motivos, as fases críticas e como proceder nesses casos.

Psicofármacos podem sim interferir na gestação
Uma gestação humana regular dura em média 280 dias (40 semanas, aproximadamente 9 meses ou 10 ciclos lunares completos de 28 dias). Durante todo esse tempo, acontecem os processos de formação e amadurecimento do organismo do bebê.
Existem épocas consideradas mais críticas, porque alguns eventos externos podem causar aborto, malformação, prematuridade e/ou alterações no estado geral de quem vai nascer. Uma dessas causas pode ser o uso de psicofármacos.
O que são psicofármacos?
Os psicofármacos são medicamentos psiquiátricos prescritos por médico clínico geral ou especialista, tais como antidepressivos, ansiolíticos, dentre outros.
Em algumas situações, os psicofármacos podem ser a causa de alterações nesses períodos críticos da gestação. Os danos associados ao uso de medicações psiquiátricas na gravidez dependem da classe da substância da droga, da idade gestacional e do genótipo materno-fetal.
Quais são as fases críticas da gestação?
Existem fármacos que são totalmente contraindicados, enquanto outros podem ser usados com segurança em toda a gestação ou dependendo da fase do desenvolvimento do bebê:
As primeiras duas semanas após a concepção são “tudo ou nada”, isto é, as medicações podem causar abortamento ou não interferirem, tendo seguimento normal da gestação;
Entre 3 e 8 semanas, é a época de formação dos órgãos, período que pode propiciar malformações;
O segundo e terceiro trimestres podem causar deficiências nos órgãos já formados.
Sendo assim, o uso de psicofármacos durante a gestação é tema bastante complexo, tanto para a equipe médica, quanto para a gestante, e deve ser criteriosamente avaliado com a paciente, visto que nenhuma conduta é totalmente livre de complicações.
A gestante pode continuar usando psicofármacos?
Para decidir se a gestante deve ou não manter um tratamento com psicofármacos, é preciso considerar:
a gravidade da doença psiquiátrica materna;
as recaídas em eventos de descontinuidade da terapia;
e os riscos que a ausência dela acarreta, tanto para a grávida quanto para o bebê.
Quando não há a possibilidade de interrupção dos remédios, mantém-se a terapia com as doses e número de medicamentos o mínimo possível, que ainda faça efeito e mantenha a saúde mental da mulher.
Supervisão médica profissional sempre
O ideal é fazer o planejamento e o acompanhamento da gravidez por uma equipe multiprofissional, e o manejo farmacológico na psiquiatria feito com bastante cautela. O ajuste dos medicamentos deve ser feito por um profissional capacitado, pois o uso de subdoses, interrupção ou início do uso deles sem supervisão pode trazer efeitos adversos graves.
Tenha sempre um profissional capacitado para auxiliar nessa caminhada. Cuide de sua saúde.

Médica Psiquiatra
CRM-SC 22.561 | RQE 18.739
Colaboração: Maria Eduarda Mendes Botelho