Dr.ª Kelen Cancellier Cechinel Recco
Depressão pós-parto: sintomas e diagnóstico
Depressão pós-parto é um transtorno ainda subdiagnosticado que acomete mães principalmente nas primeiras semanas após a gestação, com sintomas que, se não tratados, podem levar ao suicídio materno ou outras complicações no desenvolvimento do bebê.

Durante o período gestacional e pós-parto, o corpo da mulher sofre por inúmeras mudanças que não se limitam somente ao tamanho do abdome. Uma das alterações mais importantes para a saúde desse processo são a dos hormônios.
A grávida experimenta uma elevação importante dos níveis de alguns deles, como estrogênio e progesterona; e, com a remoção da placenta, há uma redução abrupta deles.
Essa instabilidade hormonal esperada é dita como uma das principais responsáveis pelas alterações de humor na época periparto (período aproximado entre o último mês de gravidez e os cinco meses após o parto, quando o corpo da mãe retorna ao estado anterior à gestação).
Períodos de tristeza, irritabilidade e choro são esperados em alguns momentos nos primeiros dias após o nascimento do bebê. São sintomas leves, não constantes e autolimitados (desaparecem sozinhos com o passar dos dias). Entretanto, há mulheres que sofrem com o quadro por período e intensidade maiores, em uma condição chamada depressão pós-parto.
O que é a depressão pós-parto?
A depressão pós-parto é um episódio depressivo de intensidade variada que inicia no período periparto, dentro de quatro semanas pós-natal, mas muitas vezes considerado quando seu início é durante a gestação até 12 meses após o evento, apesar da maior parte do diagnóstico ser feito nos primeiros 4 meses.
Quais os sintomas da depressão pós-parto?
Os sintomas de uma mulher com o transtorno de depressão pós-parto podem ser dos já conhecidos para a depressão que não envolva a gravidez, tais como:
anedonia (incapacidade de sentir prazer);
tristeza;
irritabilidade;
culpa;
alteração de sono;
e alteração do apetite.
Porém, é possível que os sinais apareçam de outras formas, como:
falta de interesse nas atividades do bebê;
ou não adesão aos cuidados pós-parto.
Quais os fatores de risco para a depressão pós-parto?
Os principais fatores de risco para desenvolver o quadro de depressão pós-parto são:
mulheres com história prévia de depressão (antes ou durante a gestação);
eventos estressantes durante a gravidez ou pós-natal;
falta de rede de apoio durante a gestação.
Como diagnosticar a depressão pós-parto?
Infelizmente, a depressão pós-parto é subdiagnosticada, ou seja, muitas mulheres passam e vivem com esse transtorno sem ter o diagnóstico e o tratamento adequado.
Isso dificulta o período de adaptação puerperal, acarretando em adversidades para a mãe e também para o bebê, visto que eleva risco de suicídio materno, não amamentação e desenvolvimento prejudicado da criança.
Dessa forma, buscar assistência de um profissional qualificado é fundamental para avaliação do quadro e indicação do tratamento adequado. Tenha sempre um profissional capacitado para auxiliar nessa caminhada. Cuide de sua saúde.
Referências
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Depressão Pós-parto. São Paulo: Febrasgo; 2020. (Protocolo Febrasgo de Obstetrícia, nº 3/Comissão Nacional Especializada em Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério).
Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição (DSM-5).
Postpartum depression: current status and future directions.

Kelen Cancellier Cechinel Recco
Médica Psiquiatra
Diretora Técnica Médica do InJQ Criciúma
CRM-SC 13.394 | RQE 10.277
Colaboração: Maria Eduarda Mendes Botelho