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  • Foto do escritorDr. Gustavo Feier

Estimulação do Nervo Vago (VNS) no combate à Depressão Resistente

Para ajudar a combater a Depressão Resistente ao Tratamento (DRT), uma das possibilidades de alternativa é a Estimulação do Nervo Vago (VNS), tema do Dr. João Quevedo durante o 2º Congresso Brasileiro de Psiquiatria (CBP Online).



Depressão Resistente no Brasil e no mundo


Mais de 300 milhões de pessoas sofrem de depressão no mundo, sendo considerada hoje a principal causa de incapacidade em todo o globo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, em 2019, aproximadamente 5,8% dos brasileiros tinham o diagnóstico, ocupando a posição de 2º país com maior prevalência do transtorno no continente americano, atrás somente dos Estados Unidos.


Um em cada três pacientes que estão fazendo uso de recursos terapêuticos tem Depressão Resistente ao Tratamento (DRT). Esse termo geralmente é usado para definir os quadros que tiveram falha na resposta medicamentosa de pelo menos dois antidepressivos de classes diferentes usados em uma dose apropriada por um período de tempo adequado.


Alguns indivíduos, por não aderirem à terapia (seja não utilizando nenhuma medicação mesmo após prescrita, seja usando por tempo insuficiente ou até mesmo tomando uma quantidade inadequada), fazem surgir uma “pseudorresistência” ao tratamento. Logo, a adesão aos antidepressivos é crucial para que haja resultados efetivos.


A preocupação com a DRT acontece pois ela costuma estar associada à maior cronicidade (longa duração) e gravidade do transtorno, com efeitos que prejudicam a estrutura e o funcionamento cerebral. Ela também relacionada ao aumento de custos, públicos e privados, com a saúde, visto que os pacientes portadores da DRT têm duas vezes maior probabilidade de serem hospitalizados, utilizarem mais consultas ambulatoriais e medicamentos, além da diminuição da qualidade de vida e também maior risco de mortalidade por comorbidades e suicídio.



Estimulação do Nervo Vago (VNS)


Ainda, a cada nova terapia medicamentosa em um indivíduo, menor é a taxa de resposta. Por isso, é urgente que haja novas opções de tratamento para a DRT. Uma delas é a Estimulação do Nervo Vago ou VNS, do inglês “Vagus Nerve Stimulation”, tema da discussão apresentada pelo Dr. João Quevedo no 2º Congresso Brasileiro de Psiquiatria (CBP Online), que aconteceu nos dias de 14 a 17 de abril, de forma totalmente on-line.


A VNS consiste na implantação de um gerador e um eletrodo na pele abaixo da clavícula esquerda (equipamento similar a um marca-passo), que envia pulsos elétricos para o nervo vago. Este, por sua vez, transmite esse estímulo a áreas do cérebro que estão relacionadas ao humor, fazendo com que haja a regulação da liberação de neurotransmissores (substâncias que fazem sinalização para o correto funcionamento das células neuronais). Isso melhora o fluxo sanguíneo local.


O procedimento é pouco invasivo, durante aproximadamente de uma a duas horas, com alta para recuperação em domicílio no mesmo dia. A estimulação comumente inicia após duas semanas, com regulação dos equipamentos pelo médico especialista.



VNS já é comum nos EUA


Essa terapia é aprovada há mais de 15 anos pela Food and Drug Administration (FDA), departamento dos Estados Unidos (EUA) equivalente à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil, para o tratamento auxiliar de longo prazo nos quadros de depressão crônica ou recorrente, para indivíduos com mais de 18 anos de idade com resistência ao tratamento de pelo menos quatro antidepressivos. Já foi indicada para mais de 4 mil pacientes e é estudada em várias pesquisas.


Por exemplo, um estudo observacional de pacientes com DRT, durante 5 anos, comparou a taxa de resposta da VNS adjuvante com terapias já utilizadas usualmente sozinhas. O estudo mostrou que a inclusão do VNS ao tratamento entregou taxas de remissão e respostas clínicas superiores. Em uma parte que era bipolar, também foi superior, com tempo de resposta três vezes mais rápido e com diminuição da taxa média de suicídio.


Os eventos adversos relatados pelos pacientes são relacionados à implantação do eletrodo, como dor no local. Houve também efeitos durante a estimulação, como rouquidão e tosse, que costumam ser menos percebidos ao longo do tempo.


Outros estudos estão em andamento para avaliar a VNS, como o estudo "RECOVER". Uma pesquisa prospectiva, multicêntrica, cega e randomizada, que acontece em cem diferentes centros médicos dos Estados Unidos.


Para saber mais sobre a VNS, converse com um(a) especialista.


Gustavo Feier

Médico Psiquiatra

CRM-SC 14.317 | RQE 18.994

Colaboração: Maria Eduarda Mendes Botelho

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