Dr. Rafael Arceno
Sofrimento emocional durante o Câncer
Mais da metade dos pacientes em tratamento contra o câncer e que desenvolvem algum transtorno psiquiátrico por causa disso não recebem o tratamento adequado, mas algumas alternativas podem aliviar o sofrimento mental.

O que é o câncer?
Câncer é como chamamos as doenças malignas que possuem crescimento hostil e incontrolável de células, e que podem invadir outras regiões do corpo e se espalhar.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca) no ano passado, estima-se que ocorrerão uma média de 625 mil novos casos de câncer em todo Brasil entre 2020 e 2022.
O mais comum deve ser o Câncer de Pele Não Melanoma, seguido pelo Câncer de Mama e o Câncer de Próstata.
Hoje, mais de 4 milhões de pessoas, de entre 30 e 69 anos de idade, morrem de câncer. A previsão é que essa marca atinja 6 milhões de mortes até 2025.
O aumento do número dos casos de câncer e de mortes eleva também os índices de adoecimento mental e de suicídio.
Câncer e Saúde Mental
Aproximadamente 85% dos pacientes com câncer desenvolvem transtornos psiquiátricos e sofrimento psicológico clinicamente significativos. Porém, menos da metade deles são diagnosticados ou encaminhados para cuidados apropriados.
É comum o diagnóstico do câncer trazer medo, insegurança e tristeza. A incerteza quanto à possibilidade de tratamento, a dúvida sobre a eficácia da terapia, as consequências e os efeitos da doença e também dos remédios utilizados, por exemplo, podem exacerbar essas reações e levar ao desenvolvimento de transtornos mentais.
A depressão é mais comum em pacientes com câncer do que na população geral. O tratamento adequado pode ser bastante benéfico nestes casos. Infelizmente, muitas pessoas acreditam (de forma equivocada) que é "comum" ou que "tem que sentir-se deprimido" diante do câncer. O perigo disso é normalizar o sofrimento e a incapacidade que a depressão pode trazer.
Como lidar com o sofrimento emocional durante o câncer?
Alguns estudos mostram que enfrentar tumores pode ser melhor se o paciente tiver acesso a informações sobre a doença e apoio durante todo o processo. Por isso, conversar com a equipe que dá assistência pode trazer esperanças e ajudar na reflexão sobre a situação. Ter companhia de pessoas queridas também é uma maneira de lidar melhor, além de buscar base espiritual.
Praticar atividades físicas, manter boa alimentação, abandonar vícios e monitorar comorbidades também são importantes, não somente após o diagnóstico do câncer ou de algum transtorno mental, mas principalmente para que eles não se instalem.
Mesmo com todos os esforços, muitas vezes o desânimo, os pensamentos conturbados, a culpa e a dificuldade de realizar algumas ações podem aparecer. Caso aconteça, busque ajuda de um médico, de preferência um especialista em Saúde Mental.
Uma mente sã é imprescindível para o bem-estar do corpo.

Médico Psiquiatra
CRM-SC 18.994 | RQE 14.708
Colaboração: Maria Eduarda Mendes Botelho